sexta-feira, 17 de junho de 2011

Meia-noite em Paris.

Caro David,

É meia-noite e eu estou sozinha em uma mesa de bar pensando em você. Pensando se não me despedir de você foi a coisa certa a se fazer. Eu sei que foi o melhor para mim naquele momento, pois talvez seus belos olhos azuis fizessem-me desistir de ir embora. E eu precisava ir. Mas ao mesmo tempo eu gostaria de  ter te dado o meu último abraço, o meu último beijo. 
Sobre conhecer Paris, você estava certo. É como um sonho! Quando eu cheguei, eu só conseguia agradecer e me sentir a pessoa mais abençoada do mundo por simplesmente estar aqui. Eu conheci pessoas adoráveis, uma delas em especial: é uma senhora chamada Ann-Marie, baixinha, de cabelos brancos e grandes olhos azuis que espalham bondade, assim como os seus. Ela tem nove gatos e dois filhos, mas os últimos é como se não existissem. Deixaram-na sozinha após a morte de seu esposo. Uma pena. Nós comemos croissants e tomamos chá todos os dias, ela me conta histórias de sua juventude enquanto ouvimos os seus LPs dos Beatles. Ela é louca por eles assim como eu. 
Bem, você deve estar se perguntando porque eu estou em um bar a essa hora se nem beber eu bebo. Estou aqui para observar as pessoas. Eu comecei a escrever um livro, acredita? Todos os dias eu vou a algum lugar diferente para buscar novos personagens para ele. O personagem principal é você. 
Espero que esteja tudo bem e que você tenha arrumado afazeres divertidos nesse pequeno fim de mundo. Afazeres, não uma nova melhor amiga. Espero que essa, apesar da distância, seja sempre eu. Se conseguir dinheiro suficiente, comprarei uma passagem para você vir a Paris passar o fim de ano comigo. Não aguento mais ficar aqui sem você, apesar de todas as coisas boas que estão acontecendo. 

Com amor,
Cecília.

2 comentários:

  1. Esse. Título. É. Tão <3 O conto significou pouco perto da representatividade do título para mim, mas amo esse conto e principalmente, quando você escreve cartas.

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  2. Eu AMO, AMO, A-M-O contos escritos a partir de cartas, de verdade. Consegue imaginar tudo acontecendo diante dos meus olhos a velhinha doce, a garota apreciando a cidade-luz alguém trazendo saudades e uma garota cheia de palavras que sobressaltam entre os dedos. Deveria voltar a escrever, querida. De verdade, você escreve perfeitamente.
    Um grande beijo, @lovlovemedo! <3

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